terça-feira, 26 de maio de 2009

vida de boneco...



Em terras de abandonos, oxalá não morra a memória, que o espólio do Museu de Arte Popular consagra, do modo de viver e sentir, dos artistas populares que expressaram o mundo português.

Assim... embalados em caixotes, afastados das paredes que os deviam abrigar, os bonecos da Rosa Ramalho e do Rr. Rolo juntam-se para passar o tempo, a rir e a chorar, as lembranças de infância, histórias e peripécias, do tempo em que nasceram e moravam na casa do artesão que os fez nascer.

E todos eles, bonecos e artesãos, partilham uma mesma vontade, como Gepeto e Pinóquio, a de ter um filho de verdade e a procura da consciência.


Começa então, a peça da Rosa Ramalho a dizer p'ra uma do Rolo:

" ...Estás airada? Quero-te airosa.
Moça airada e mula manca, dão na anca...
dança e balança, peitos de pança!...

Ai pesam-te os cornos? Pois levas uma raba que já te ponho de balancé!

Este não se quer aprumar... Está de dores porque não lho atinei logo de supêto.
Consola-te, cambão: à primeira castanha vareja o vento.

Na mais, pau e tormento."*

*in "Ditos e Falas" recolha de António Quadros.




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